domingo, 18 de dezembro de 2016

A ditadura da mídia - Parte 1



Em outra postagem falei sobre A Era das Reações Midiáticas e sobre as mudanças de comportamento proporcionadas pelo nosso contato com os meios de comunicação, que mais do que cumprir com o papel de nos manter informados e atualizados, impõem uma cultura e um estilo. Transplantada para a nossa vida pessoal, essa cultura resulta na desnaturalização e despersonalização do comportamento individual.

Um outro aspecto disso é a mídia utilizada como critério de aceitação para as nossas transformações sociais. Política, economia, cultura: todo fato novo precisa passar pelo crivo do jornal A ou B para, a partir de então, contar com nossa aceitação ou repúdio. A mídia agora é vista como arauto indispensável, norteador das nossas opiniões, sem o qual nos vemos perdidos e desnorteados num mundo em constante transformações. 

Subestimou-se, no entanto, o seu potencial para a manipulação da verdade. Apesar da maioria dos movimentos de esquerda denunciarem constantemente os diferentes grupos de interesse envolvidos por trás desta ou daquela emissora, os críticos falham em construir uma análise crítica sólida, segundo a qual o comportamento da mídia possa ser avaliado antes de suas informações serem absorvidas. Por esse motivo, considero que o atual estado de coisas é caótico.

Mais do que preocupar-se com manipular histórias e reportagens para beneficiar grupos empresariais e políticos, o que parece ter sido a tendência da mídia até aqui, seja a brasileira ou americana, é alimentar-se de um sentimento de desesperança que parece favorecer suas vendas e sua audiência. Para o cidadão que hoje procura se manter informado, não há como fugir de um sentimento de esquizofrenia, impulsionado pelo tom histérico e alarmista dos meios de comunicação. Com seus altos brados, arranjos poéticos, suas meditações e inspirações, os jornalistas gritam um irrecusável "Leiam-me! Leiam-me! Leiam-me!", irresistível pela veracidade dos fatos, pela popularidade dos seus autores, pelo número de seguidores em suas páginas do youtube e pela cidadania do ato de informar-se. "Quê? Como você não vai me ler? Como pode renunciar à cidadania inalienável contida no ato de informar-se?"

Joyce Hasselman e Reinaldo Azevedo: expoentes do jornalismo histérico e estridente
No presente momento, eu não depositaria nos meios de comunicação a fé que muitos andam depositando. A opinião comum certamente sabe questionar a integridade da Globo, da Veja e outros (quando bem lhe apraz), mas não pelos motivos corretos. Seduz-se facilmente pelos apelos e afagos de ego que o fazem crer muito mais inteligente e capaz do que realmente é, para discernir entre aquilo que é fato jornalístico e o seu interesse próprio.


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