quinta-feira, 27 de setembro de 2018

A Revolta de Ephialtes (Parte 1)

Propostas de "acolhimento"  das minorias promovem desmantelamento da ordem social



Na sua obra máxima, Ayn Rand propôs a Revolta de Atlas. No livro, os indivíduos mais brilhantes e capazes da sociedade retiravam-se dos países socialistas para privá-los do seu talento, pois deram-se conta de que tais regimes apenas subsistiam ao alimentar-se deles. No Brasil de hoje, porém, é possível perceber um outro tipo de fenômeno: "A Revolta de Ephialtes".


Segundo a História, o exército espartano resistia bravamente à invasão dos persas nas Termópilas. Apesar de estarem em grande desvantagem numérica, os espartanos formaram uma poderosa resistência, pelo fato de serem os mais formidáveis guerreiros da antiguidade. Todavia, o exército grego acabou manifestando uma desvantagem: devido aos altos padrões exigidos para um guerreiro ingressar no exército espartano, Ephialtes, basicamente um deficiente físico, havia sido rejeitado pelo general Leônidas, porque não conseguia erguer o escudo de modo a compor a poderosa falange grega. Coxo de uma perna e com uma corcunda nas costas, Ephialtes era o avesso do que deveria ser um soldado grego. Mas tomado pelo orgulho de tornar-se um grande guerreiro, ele rejeita desempenhar os papéis menores oferecidos por Leônidas, de ajudar os feridos no combate, e decide vingar-se. O desapontando guerreiro revela a Xerxes, o rei persa, uma passagem secreta pelo desfiladeiro, que permite aos persas atacá-los pela retaguarda e derrotá-los facilmente.

Toda sociedade possui seus Ephialtes, seres que, por algum motivo e independentemente de culpa, não se encaixam nos padrões da sociedade, tal como ela foi desenhada. No Brasil de hoje, podemos pensar em vários grupos sociais e minorias que ocuparam esse lugar. Inicialmente, os gays, negros, e mulheres, mas também os camelôs, os imigrantes, os banidos da ditadura, toda sorte de ilegalidades. Enfim, qualquer grupo de pessoas para o qual as classes altas desviam o seu olhar; toda feiura e deformidade olhada de cima pelo poder público apenas como um "país que não deu certo". De certa forma, essa atitude desperta sempre algum nível de crítica da classe artística em algumas canções, como a de Adriana Calcanhotto, em Bom Gosto.


Mas apesar de ser possível conceber papéis que possam ser desempenhados por eles em sua simplicidade, há sempre a possibilidade de neles encontrar a resistência e pretensão de alcançar uma glória para a qual não foram destinados. Eles despertam nossa simpatia pelo seu sofrimento não merecido; nossa piedade pelas doçuras da vida de que não poderão usufruir; nossa esperança romântica e simplória de que eles possam um dia alcançar aquilo que almejam, se forem bons o bastante. Disfarçamos para nós que ali não habita nada de uma vaidade secreta de quem não aceitará mais qualquer papel coadjuvante na história, mas somente o de protagonista...

Até certo ponto, a existência de tais grupos pode ser considerada um subproduto natural e involuntário dos sistemas sociais e econômicos vigentes; simplesmente porque nenhum serviço público conseguiria incluir a todos. São aqueles a quem a sociedade não consegue abraçar, não por que não queira, mas porque seus braços não são grandes o bastante. Esse desafio é ainda maior em um país como o Brasil que, além da extensão territorial, possui um legado histórico complexo e pesaroso, com uma ampla diversidade cultural para dar conta. Para uma certa parcela da população, esses braços "deveriam" ser grandes o bastante, surgindo assim as temerárias comparações entre o Brasil e estados europeus muito menores e diferentes de nós. De acordo com o filósofo Luís Felipe Pondé, esse é o pensamento que, em resumo dita  que "o mundo todo bem que poderia ser como a Dinamarca...".
Pondé: para a Europa moderna, o Estado deveria acolher a todos.

Isso, enfim, foi tentado com a chegada ao poder do Partido dos Trabalhadores. Com a ascensão do PT, o partido se aproximou dessas classes para lhes oferecer algo que até então não possuíam: uma narrativa. Mas não qualquer narrativa, e sim aquela que eles desejavam; uma que os colocava, aparentemente, no centro do mundo; um mundo que, até então, somente haviam habitado perifericamente, vagado por suas sombras, na pele das prostitutas nos arredores das cidades, dos gays expulsos de casa, dos pobres, famintos e miseráveis. O PT acolheu esses mal-amados da história e, sob a sua orientação, lhes foi contada uma história diferente daquela dos "braços curtos do estado". Segundo a nova ótica, seu baixo status era o produto intencional e planejado das classes superiores, que os odeiam. Com as sofisticadas técnicas discursivas e ideológicas do gramscismo, o PT insuflou seu ressentimento contra o restante da ordem social; aprenderam o quanto foram propositalmente negligenciados; como "O Sistema" foi criado para excluí-los, como a mais-valia roubou-lhes os salários, como o patriarcado usurpou sua posição, como uma cultura arbitrária lhes impôs padrões rígidos e limitados de comportamento sexual.  Assim foi criada a percepção de uma realidade alternativa, uma realidade das coisas como poderiam (ou até deveriam) ter sido; uma realidade ainda por ser fabricada.

No afã de conseguir um apoio político sólido e apaixonado, nossos socialistas tupiniquins lograram reunir aos poucos toda sorte de deformados, dando voz e projeção a suas queixas, adulando seus caprichos, inflando seus egos com lisonjas; de modo que o tempo os fez acreditar serem mais importantes, poderosos e indispensáveis do que realmente são. E, de fato, o seu volume e barulho quase os fez assim. O PT acalantou seus delírios de grandeza e os transformou em alguém.
Nesse processo, esses grupos aprenderam a se organizar e formaram bancadas no congresso. Na sua mentalidade e no discurso dos partidos, suas causas tinham a finalidade mais nobre de todas. Seriam eles os heróis que iriam corrigir as injustiças do mundo, trazendo de volta o equilíbrio, rompido à força, pelos seus antípodas (os ricos, brancos, héteros, bem formados e bem nascidos) devolvendo assim a paz à sociedade. Foi aí então que começou o show de horrores...





Com ascensão dos "minoritários", acabou ocorrendo uma exposição do seu modo também deformado de pensar e ver o mundo, deixando à mostra as barbaridades dos seus gostos e preferências, bem como de suas diferentes concepções da sociedade. E esta, foi surpreendida de repente por uma uma enxurrada de beijos gays na televisão, crianças tocando homens nus em museus, a escatologia humana agora promovida ao sublime status de protesto; exposições de nudez, nudez e mais nudez, etc.

Se por um lado todos podemos concordar em dar assistência individualizada a algumas minorias, atendendo demandas ambientais, instalando rampas para deficientes nos prédios, ou mesmo outras demandas mais dispendiosas mas perfeitamente compatíveis com os valores gerais, o que fazer quando essa assistência especial começa a ameaçar outras prioridades? Por exemplo, o que fazer quando a lei de cotas fere os princípios de meritocracia? Quando o que antes era apenas assassinato, agora pode ser feminicídio (L3104/15), LGBTcídio (PL 7292/17) e o que mais possa vir depois? E quando se deseja que os homossexuais possam doar sangue após terem tido relações no intervalo de 12 meses, sabendo que isso atropela constatações científicas da Organização Mundial da Saúde, que constatam nisso um maior risco de contaminação pelo HIV (PDC 422/2016)? E quando se deseja que o SUS ofereça cirurgias para mudanças de sexo e tratamentos hormonais para transexuais, quando faltam recursos para pacientes com câncer (PL 5002/2013)? E quando é preciso uma lei específica para que as igrejas possam se recusar a realizar casamentos entre homossexuais (PL 1411/11) garantindo sua liberdade de consciência e de crença? Legalização do aborto e da maconha são outras preocupações que têm assombrado os brasileiros nos últimos tempos. E mesmo a pedofilia começa aos poucos a enviar seus acenos, nos recônditos desse mundo flexibilizado...

É importante entender que ninguém é contra a conquista de direitos pelas minorias. São relevantes as conquistas sociais do casamento homossexual, a lei Maria da Penha (as mulheres não são uma minoria propriamente dita, mas faltavam adaptações para melhor acolher suas problemáticas) dentre várias outras. Todavia, muitos projetos têm horrorizado a população por seu caráter autoritário, antidemocrático, ameaçador de liberdades privadas ou por sua falta de bom senso para com outras prioridades.

Essa é a Revolta de Ephialtes, o esforço de engenharia social para materializar um mundo, tal como ele seria se construído pelos defeituosos da sociedade. Distorcido na estética, na ética, nas instituições sociais... mas perfeito para eles. E se o partido que se propõe a torná-lo realidade é não apenas corrupto, mas também terrorista e totalitário, eles mesmo assim o apoiarão, pois estão dispostos a arrasar todo o resto para concretizar sua utopia.



Um comentário:

  1. São os Lord Baelish auriverdes, os "mindinhos" tupiniquins, e como tal, incendiaram o Brasil inteiro, se com isso pudessem reinar sobre as cinzas

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